
«Fidelidade de Cristo, fidelidade do sacerdote» - é o tema deste ano que começa a 19 de Junho de 2009 e será encerrado pelo Papa no dia 19 de Junho de 2010, com um Encontro Mundial Sacerdotal na praça de São Pedro.
Deste Cristo, o sacerdote recebe o seu código genético, ele não é do mundo, por isso, não é atribuição do mundo definir segundo critérios e concepções horizontais a sua identidade. Nem é fruto de condições sócio-culturais ou religiosas favoráveis, é puro dom de Deus concedido antes de mais e sobretudo à comunidade cristã para a edificação da Igreja (S. Tomás).
Mas é também um dom para agradecer. "Ele foi ordenado para actuar em nome de Cristo-Cabeça, para ajudar os irmãos a entrar na vida nova aberta por Cristo, para lhes dispensar os seus mistérios: a Palavra, o perdão e o Pão da Vida, para os reunir no seu Corpo e ajudá-los a formar-se interiormente, para viver e actuar segundo o desígnio salvífico de Deus" (João Paulo II). E agradecer mesmo quando isto não é possível porque as circunstâncias são adversas, a simples presença, o testemunho silencioso de fé em ambientes indiferentes ou não cristãos...
Porque o sacerdócio ministerial é um sinal do amor salvador que o Senhor Jesus dedica à Igreja, uma comunidade que não pode criá-lo antes deve estar disposta a aceitá-lo, porque o recebe do Espírito, não pode, senão obedecer ao mandato de Jesus: Rogai ao Senhor da Messe para que envie trabalhadores para a sua messe (Mt 9,38)
Será ainda um ano naturalmente importante para os padres, para que reavivam o dom que lhes foi conferido pela imposição das mãos, cuidando-o em si próprios. "Diariamente somos chamados à conversão. Mas, neste Ano, o somos de um modo todo particular, juntamente com todos os que receberam o dom da ordenação sacerdotal. Para que conversão? Converter-se para ser sempre mais autenticamente aquilo que somos. Conversão à nossa identidade eclesial para que o ministério seja totalmente consequente com tal identidade, a fim de que uma renovada e gozosa consciência do nosso "ser" determine o nosso "agir", ou melhor, ofereçamos espaço a Cristo Bom Pastor, a fim de que viva em nós e actue através de nós" (D. Mauro Piacenza). Não apenas a partir das perspectivas dos instrumentos e instituições eclesiais de comunhão mas a partir dos processos reais pessoais da própria comunhão.
Referência incontornável deste Ano Sacerdotal será sem dúvida o Santo Cura d'Ars, de quem se celebra século e meio sobre a sua morte. Por si só, pastor sem igual - como o definiu João Paulo II - cumprimento pleno do ministério sacerdotal e da santidade do ministro, poderia constituir todo um programa para este ano. João Maria Vianney morreu em Ars a 4 de Agosto de 1859, depois de quarenta anos de entrega abnegada, quando contava setenta e três anos.
Quando chegou a Ars encontrou um povo esquecido da arquidiocese de Lyon, que é actualmente de Belley. No final da sua vida, ali acorriam pessoas de toda França, e a sua fama de santidade, após a sua morte, cedo chamou a atenção da Igreja Universal. São Pio X beatificou-o em 1905, Pio XI canonizou-o em 1925 e em 1929 declarou-o patrono dos párocos de todo mundo. "A sua paróquia que apenas tinha 230 pessoas, com a sua chegada, mudará profundamente. Recordamos que naquele povo havia muita indiferença e muito pouca prática religiosa entre os homens. O bispo tinha advertido João Maria Vianney: "Não há muito amor a Deus nesta paróquia, tu o porás". Mas muito cedo, inclusive de fora do seu povo, o Cura veio a ser o pastor de uma multidão que chega de toda a região, de diversas partes de França e de outros países. Fala-se de 80.000 pessoas no ano 1858. Têm que esperar às vezes muitos dias para o poder ver e se confessar. O que atrai não é certamente a curiosidade nem a própria reputação justificada, pelos milagres e curas extraordinárias, que o santo procurava ocultar. É sobretudo o pressentimento de encontrar um santo, surpreendente pela sua penitência, tão familiar com Deus na oração, que sobressai pela sua paz e a sua humildade no meio do sucesso junto do povo, e sobretudo tão intuitivo para corresponder às disposições interiores das almas e libertá-las dos seus pesos, particularmente no confessionário." (João Paulo II)
Seja este Ano Sacerdotal ocasião para compreender na fidelidade de Cristo o caminho para a fidelidade do sacerdote, de cada baptizado e de toda a Igreja.
Pe. Jorge Madureira,Secretário Comissão Episcopal Vocações e Ministérios
Fonte:www.jam.org.br
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