quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Lord I Need You



“Lord, I Need You” não é uma música comum. É uma daquelas orações que sacodem a alma como uma torrente, como o eco de uma intuição direta: não é mediada unicamente pela razão, não nasce de questões cotidianas. É uma declaração de amor definitiva, gloriosa, que com humildade luminosa admite a necessidade mais essencial de todo ser humano: estar perto de Deus, permanecer na luz.
Porque quando tudo desmorona ao nosso redor e nos abalamos; e então despojados das coisas do mundo e dos seus becos sem saída, alcançamos a absoluta necessidade daquela imensa liberdade que só o viver na constante presença de Deus nos pode oferecer.
Composta pelo artista canadense Matt Maher e presente no álbum “All the people said Amen”, “Lord, I Need You” é uma confissão de joelhos. Não é, repito, uma música comum. Durante a Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro, Matt alega ter sentido a necessidade de cantá-la no palco de joelhos, assim como uma oração. Não poderia fazê-lo de outra forma. O único público desta música, de fato, é Deus.
“Lord, I Need You” oferece-nos uma sensação que brota de cada nota como uma reviravolta inesperada, como um ressoar da Suma Teológica, quando o artista, a um certo ponto, canta: “Holiness is Christ in me [A santidade é Cristo em mim]”. E não há mais nada a dizer.
“Preciso de ti, Senhor, preciso de ti, preciso de ti. Sempre mais. Preciso daquele que me criou e amou com todo Amor impossível.”
“Lord, I Need You” é como a alma da expressão musical. Cecilia nasce com esta canção.
A música “Lord, I Need you” integra o álbum “Saint and sinners”.
Manuel de Teffé
Cecilia Artistic Director


segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Onde está teu irmão?


Cidade do Vaticano (RV) - "Onde está o teu irmão?, perguntou o Senhor a Caim". A frase do Livro do Gênesis pronunciada pelo Papa Francisco em Lampedusa em julho de 2013, na sua primeira viagem em território italiano, revelou aquilo que já se desenhava em seu pontificado, iniciado poucos meses antes: a preocupação com os pobres e um chamado à solidariedade diante do individualismo crescente e das estruturas injustas.
Quem acompanha o pontificado do Papa Bergoglio, acaba se familiarizando com certas expressões - algumas cunhadas por ele próprio, como "globalização da indiferença", "periferias existenciais" - e também com algumas passagens bíblicas que marcam e inspiram seus pronunciamentos. Destas, poderíamos destacar três: a citada no início do texto, do diálogo do Senhor com Caim, o Bom Samaritano e o "protocolo com o qual seremos julgados", ou seja, Mateus 25, 34-40. Estas três passagens aparecem indistintamente quer nas homilias da Casa Santa Marta, ou na Basílica Vaticana, quer nos pronunciamentos à autoridades, encontros com religiosos e com a sociedade civil. Em comum elas apresentam, por um lado, situações de abandono, de desamparo, de marginalização, de pobreza e, por outro, a solidariedade - ou a falta dela - para com as vítimas destas situações.
"Pobres tereis sempre convosco", disse Jesus, o que pressupõe que todas estas situações não representam algo novo, talvez o sejam na forma e contexto, mas possuem a data da idade do homem sobre a terra - ao menos após a queda pelo pecado original. Tampouco Francisco foi o primeiro a falar sobre os pobres, nem na Igreja, nem fora dela. Pobres, pobreza, solidariedade, isto tudo está nos Evangelhos desde o início do cristianismo. O nome escolhido por Bergoglio, não esqueçamos no entanto, está ligado ao Pobre de Assis. E o que Francisco faz em seu pontificado, nada mais é do que salientar a questão da pobreza e das injustiças, clamando por uma mudança individual, nas estruturas e nas situações de injustiça, que levam a vida a se tornar "insuportável para muitos", como afirmou no discurso aos Movimentos Populares em Santa Cruz de la Sierra: "Queremos uma mudança nas nossas vidas, nos nossos bairros, no vilarejo, na nossa realidade mais próxima; mas uma mudança que toque também o mundo inteiro, porque hoje a interdependência global requer respostas globais para os problemas locais. A globalização da esperança, que nasce dos povos e cresce entre os pobres, deve substituir esta globalização da exclusão e da indiferença".
A justa distribuição dos frutos da terra e do trabalho humano não é mera filantropia, afirmou o Papa na mesma ocasião, é um dever moral. E para os cristãos, alertou, o encargo é ainda mais forte: é um mandamento. Trata-se de devolver aos pobres e às pessoas o que lhes pertence. O destino universal dos bens não é um adorno retórico da doutrina social da Igreja.
Um aspecto fundamental na promoção dos pobres - afirmou Francisco por sua vez, num dos seus mais contundentes discursos pronunciados no Paraguai - é o modo como nós os vemos. "Não serve uma visão ideológica, que acaba por usar os pobres a serviço de outros interesses políticos ou pessoais. As ideologias terminam mal, não servem. As ideologias tem uma relação ou incompleta ou doente ou ruim com o povo. As ideologias não assumem o povo. Por isto, olhem para o século passado. Em que terminaram as ideologias? Em ditaduras, sempre, sempre. Pensam pelo povo, não deixam o povo pensar". Longe das ideologias, Francisco exorta a se colocar a economia a serviço do homem, a uma valorização da pessoa na sua própria bondade, a uma preocupação genuína por ela. Algo que pressupõe também uma disposição em aprender dos pobres, aprender deles. "Os pobres - disse o Papa - têm muito para nos ensinar em humanidade, bondade, sacrifício, em solidariedade. Nós, cristãos, além do mais, temos outro motivo, e maior, para amar e servir os pobres, pois neles, temos o rosto, vemos o rosto e carne de Cristo, que Se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza, os pobres são a carne de Cristo".
"O pobre - recorda-nos o Santo Padre - é alguém como eu e, se está passando por um momento ruim, por milhares de motivos – econômicos, políticos sociais ou pessoais – eu poderia estar naquele lugar e poderia estar desejando que alguém me ajudasse. E além de desejar que alguém me ajudasse, se estou naquele lugar, tenho o direito de ser respeitado. Respeitar o pobre". E este colocar-se no lugar do outro, leva ao entendimento da situação vivida por ele. Também neste sentido, o apelo à nossa ação dentro do "protocolo pelo qual seremos julgados": "Tive fome, e me deste de comer, tive fome e me deste de comer, tive sede e me deste de beber, era peregrino e me acolheste, nu e me vestiste, enfermo e me visitaste, estava na prisão e vieste a mim".
O que Francisco pede, é uma paz inquieta, uma fé revolucionária capaz de mudar as mentalidades, e por consequência, mudar as estruturas injustas. Para contrastar a "globalização da indiferença", Francisco quer despertar o mundo para a mesma solidariedade que teve o Bom Samaritano ao se deter no meio do caminho para auxiliar a pessoa jogada na beira da estrada. Francisco chama a atenção para uma mudança de atitude, de um individualismo cego para uma cultura que "tenha a percepção da existência do outro", este "perceber que existe alguém à beira do caminho, perceber que tem alguém ao meu lado", e que talvez tenha necessidade de um olhar, de um sorriso, de uma mão estendida, de um pedaço de pão, de um mínimo de incentivo para ser elevado a uma dignidade perdida ou talvez nunca existida.
Diante da complexidade e dimensão dos problemas, somos tomados por uma sensação de impotência, "mas lamentar-se, não resolve nada", disse Francisco no Angelus do último domingo. "O que podemos, "é oferecer aquele pouco que temos" e “certamente temos algumas horas de tempo, algum talento, alguma competência... Quem de nós não tem os seus “cinco pães e dois peixes”? Se estamos dispostos a colocá-los nas mãos do Senhor, serão suficientes para que no mundo haja um pouco mais de amor, de paz, de justiça e, sobretudo, de alegria. Deus é capaz de multiplicar os nossos pequenos gestos de solidariedade e tornar-nos partícipes do seu dom”. “Caim, onde está o teu irmão?” (Jackson Erpen)
Fotos: g1.globo.com

domingo, 2 de agosto de 2015

Tornaste meu deserto em um jardim...

Para conhecer um pouco mais sobre o Carisma de nossa Comunidade:

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Visita Maria Rosa Mística - parte III

Segue algumas fotos da Imagem Peregrina de Nossa Senhora da Rosa Mística nas residências das famílias e doentes em Bom Jesus do Itabapoana - RJ






Aqueles que gostariam de rebeber a visita da Imagem da Rosa Mística, entre em contato com nosso Blog!
blogaliancaeterna@yahoo.com.br


quinta-feira, 19 de março de 2015

Os três pregos na Cruz

O sorriso de Madre Teresa de Calcutá, sempre presente em toda e qualquer circunstância de sua vida, mesmo durante aqueles períodos de "noite escura", dos quais a bem-aventurada se lembrava com angústia em suas cartas, ainda hoje é capaz de impressionar. Quem olha para a imagem da beata enxerga o rosto de uma pessoa que, deixando-se consumir totalmente pelo fogo divino, fez desta nossa peregrinação terrestre um ato contínuo de amor e entrega a Deus. Ou seja, encontrou a felicidade, completando na própria carne as dores que faltaram aos sofrimentos de Cristo pelo seu Corpo, que é a Igreja (cf. Cl 1, 24).
Certamente, um modelo de vida semelhante pode causar, não obstante admirações, grandes perplexidades. Ainda mais em uma sociedade que já não sabe lidar com o sofrimento. Como é possível ser feliz na dor? A resposta a essa pergunta está na cruz. A alegria do homem é fazer a vontade de Deus. Contudo, por se tratar de algo nem sempre fácil — ao contrário, consiste muitas vezes em um verdadeiro martírio —, o cumprimento dessa vontade exige um desprendimento heroico acerca de todo e qualquer apego, seja material seja afetivo. O exemplo primordial de abnegação vem, sobretudo, de Cristo no Horto das Oliveiras. Suando sangue, o Senhor diz: "Pai, se é de teu agrado, afasta de mim este cálice! Não se faça, todavia, a minha vontade, mas sim a tua" ( Lc 22, 42).
Na vida de todos os santos se constata essa atitude do Jesus agonizante que, mesmo sofrendo, se regozija por cumprir o desejo do Pai. A confiança em Deus desperta no ser humano o dom do olhar sobrenatural, o qual ilumina o caminho para a verdadeira glória do céu. Como costumava dizer Santa Teresa d'Ávila, esta vida é como uma noite ruim, numa ruim pousada [1]. Nossa meta definitiva é, verdadeiramente, a eterna casa do Pai. Aqui, somos somente estrangeiros. Por isso São Paulo e Silas, dentro da prisão, mesmo diante da possibilidade da morte, cantavam um hino a Deus (cf. At 16, 25). Eles estavam convictos daquilo que Nossa Senhora também prometera em Lourdes a Santa Bernadette: "Não lhe prometo a felicidade neste mundo, somente no outro" [2].
Com efeito, o desapego das coisas puramente terrenas deveria ser uma meta para todo cristão decidido a agradar somente a Deus. "Quem me dera não estar atado senão por três pregos, nem ter outra sensação em minha carne que a Cruz" [3]. Era o que constantemente pedia São Josemaria Escrivá em suas meditações diárias. Neste propósito, o santo do cotidiano em nada menosprezava as obrigações e responsabilidades diárias do homem perante a sociedade. É fato que um verdadeiro cristão deve agir bem em todas os ambientes, transformando-os em ocasião de adoração perpétua a Deus. O que São Josemaria pedia era a graça de enxergar tudo como oportunidade de oblação ao Senhor, a sempre lembrar-se de que o fim de todas as nossas ações só pode ser um: o encontro com Jesus.
Foi este pensamento que encantou a então filósofa ateia Edith Stein, e a fez abandonar suas raízes judias para tomar o hábito das carmelitas. Ela compreendeu a ciência da cruz, por assim dizer, descobrindo o significado salvífico e redentor da paixão de Cristo. "O que nos salvará não serão as realizações humanas, mas a paixão do Cristo, na qual quero ter parte" [4]. Com estas palavras, a futura santa Teresa Benedita da Cruz renunciava ao seu prestigioso nome, à sua posição ao lado de um dos maiores filósofos modernos — Edmund Husserl —, aos seus bens materiais, a fim de alcançar a sétima morada, isto é, a plena conformação à vontade divina. A 2 de agosto de 1942, irmã Teresa cumpria seu desejo de tomar parte na paixão de Cristo, oferecendo-se em holocausto, durante o martírio no campo de concentração nazista, em Auschwitz.
Na homilia de sua canonização, o Papa João Paulo II assim descreveu o itinerário de conversão da santa [5]:
O amor de Cristo foi o fogo que ardeu a vida de Teresa Benedita da Cruz. Antes ainda de se dar conta, ela foi completamente arrebatada por ele. No início, o seu ideal foi a liberdade. Durante muito tempo, Edith Stein viveu a experiência da busca. A sua mente não se cansou de investigar e o seu coração de esperar. Percorreu o árduo caminho da filosofia com ardor apaixonado e no fim foi premiada: conquistou a verdade; antes, foi por ela conquistada. De facto, descobriu que a verdade tinha um nome: Jesus Cristo, e a partir daquele momento o Verbo encarnado foi tudo para ela. Olhando como Carmelita para este período da sua vida, escreveu a uma Beneditina: "Quem procura a verdade, consciente ou inconscientemente, procura a Deus".
A beleza do sorriso de Madre Teresa, o canto de Silas e São Paulo, a santificação no meio do mundo de São Josemaria Escrivá, o martírio de Santa Teresa Benedita da Cruz. Todas essas realidades, cuja eloquência do testemunho não nos deixa indiferentes, têm sua origem e fim no desprendimento das coisas da terra. Quem coloca seu coração em Deus transmite a luz de Cristo em sua face e atrai os outros para o céu — "Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim", escreve São Paulo aos Gálatas (2, 20).
A única coisa que deve nos prender a este mundo são os três pregos da cruz. Essa é a nossa meta cristã.
Fonte: https://padrepauloricardo.org/blog

quinta-feira, 12 de março de 2015

O Desejo de encontrar Deus


“A quem iremos? A Peregrinação e a experiência da fé”

Por Padre Carlos Cabecinhas (reitor do Santuário de Fátima)


  “A peregrinação é uma experiência religiosa universal”, não sendo um exclusivo do cristianismo, já que “todas as grandes religiões conhecem a prática da peregrinação”. A diferença cristã está em que “ao contrário do que acontece, por exemplo, no Islamismo ou no Judaísmo, no cristianismo a peregrinação não é um dever, é sempre ato livre, que brota da vontade do próprio crente”.
Num percurso pela história da espiritualidade e pelos elementos constitutivos do ato peregrinante, sendo eles “o peregrino, o caminho e o lugar santo ou santuário, meta da peregrinação”, o padre Carlos Cabecinhas concluiu que “a peregrinação pode definir-se como viagem por motivo religioso em que é a motivação que a distingue de outro tipo de viagem” 
Que motivações levam alguém a peregrinar?
Para o Reitor podem ser diversas: “Uma motivação é pedir uma graça específica: uma cura, uma iluminação, um novo impulso espiritual. Outra é a gratidão: vai-se em peregrinação agradecer uma graça recebida. Há peregrinos que se lançam ao caminho com sentido penitencial, para expiar os próprios pecados mas, sobretudo, para poder recomeçar. Porém, uma das razões principais que leva o peregrino a partir em peregrinação, e que é transversal às outras motivações apresentadas, é o desejo de encontrar Deus de forma mais direta do que na vida ordinária e a convicção de que isso é mais fácil na caminhada e em certos lugares específicos”.
Outra abordagem realizada pelo conferencista aconteceu por meio de um percurso pelos principais textos bíblicos com narrações ou descrições relacionadas com experiências de peregrinação nas Escrituras. 
“O caminho para Deus não é um conjunto de normas ou de leis: o caminho é uma pessoa, Jesus Cristo, porque é o único mediador entre Deus e o homem e constitui o único acesso a Deus”, concluiu o Reitor.
Quanto às dimensões mais importantes para uma espiritualidade da peregrinação, o Reitor do Santuário de Fátima destaca seis: a dimensão escatológica, a penitencial, a festiva, a cultual, a apostólica e a de comunhão.
“Na peregrinação a Fátima, a dimensão penitencial é particularmente importante. Na homilia do dia 13 de maio de 1982, o Papa João Paulo II afirmava: ‘A mensagem de Fátima, no seu núcleo fundamental, é o chamamento à conversão e à penitência […] O chamamento à penitência, como sempre, anda unido ao chamamento à oração’”, disse.
Quanto às quatro etapas da peregrinação, “são um paradigma da vida de fé: a partida, a caminhada, a permanência no Santuário, meta da peregrinação, e o regresso”. 
“O momento do regresso não é simplesmente uma despedida do santuário, a assinalar o fim da peregrinação: é sobretudo um envio, uma missão”.