Bossuet dizia que: Os anjos oferecem a Deus as
nossas esmolas, recolhem até os nossos desejos, fazem valer também diante de
Deus os nossos pensamentos… Sejamos felizes de ter amigos tão prestativos,
intercessores tão fiéis, intérpretes tão caridosos “Porventura, não são todos
eles espíritos servidores, enviados ao serviço dos que devem herdar a salvação?”
(Hb 1, 14).
Os anjos estão presentes desde a criação do mundo
(cf. Jó 38,7); são eles que fecham o paraíso terestre (Gn 3, 24); protegem Lot
(Gen 19); salvam Agar e seu filho (Gen 21,17); seguram a mão de Abraão para não
imolar Isaac (Gen 22,11); a Lei é comunicada a Moisés e ao povo por ministério
deles (At 7,53); são eles que conduzem o povo de Deus (Ex 23, 20-23); eles
anunciam nascimentos célebres (Jz 13); indicam vocações importantes (Jz 6,
11-24; Is 6,6); são eles que assistem aos profetas (1 Rs 19,5). Nos Evangelhos
eles aparecem na infância de Jesus, nas tentações do deserto, na consolação do
Getsêmani; são testemunhas da Ressurreição do Senhor, assistem a Igreja que
nasce e os Apóstolos, enfim prepararão o Juízo Final e separarão os bons dos
maus.
Toda a vida de Jesus foi cercada da adoração e do
serviço dos Anjos. Desde a Encarnação até a Ascensão eles o acompanharam. A
Sagrada Escritura diz que quando Deus introduziu o Primogênito no mundo, diz:
“Adorem-no todos os Anjos de Deus” (Hb 1, 6).
Até hoje a Igreja continua a repetir o canto de
louvor que eles entoaram quando Jesus nasceu: “Glória a Deus no mais alto dos
céus e na terra paz aos homens, objetos da benevolência divina” (Lc 2, 14). São
eles que protegem Jesus na infância (Mt 1, 20; 2, 13.19); são eles que servem
Jesus no deserto (Mc 1, 12); o reconfortam na agonia mortal (Lc 22, 43); eles o
poderiam salvar das mãos dos malfeitores se assim Jesus quisesse (Mt 26, 53). Da
mesma forma que os anjos acompanharam a vida de Jesus, acompanharam também a
vida da Igreja, e a beneficia com a sua ajuda poderosa e misteriosa (At 5,
18-20; 8,26-29; 10,3-8; 12,6-11; 27,23-25). Eles abrem as portas da prisão (At
5, 19); encorajam Paulo (At 27,23 s); levam Filipe ao carro do etíope (At
8,26s), etc. São Paulo acentua a subordinação dos anjos a Cristo vitorioso sobre
o pecado e a morte (Hb 1,7-14; Ef 1, 21; Cl 2, 13).
Na Festa dos Santos Arcanjos, a Igreja reza ao
Senhor assim: “Ó Deus, que organizais de modo admirável o serviço dos anjos e
dos homens, fazei sejamos protegidos na terra por aqueles que vos servem no
céu.” (Oração do dia). O Catecismo nos ensina que: “Ainda aqui na terra, a vida
cristã participa, na fé da sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens,
unidos em Deus.” (§ 336). “Quando o Filho do Homem vier na sua glória com todos
os seus anjos…” (Mt 25,31).
No Apocalipse os Anjos aparecem como ministros da
liturgia celeste, oferecendo a Deus a oração dos justos. “Na minha visão ouvi
também ao redor do trono, dos Animais e dos anciãos, a voz de muitos anjos, e
número de miríades de miríades e de milhares de milhares bradando em alta voz:
“Digno é o Cordeiro imolado de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força,
a glória, a honra e o louvor” (Ap 5, 11). Eu vi os sete Anjos que assistem
diante de Deus. Foram lhes dadas sete trombetas. Adiantou-se outro anjo, e
pôs-se junto ao altar, com um turíbulo de ouro na mão. Foram-lhe dados muitos
perfumes, para que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar de
ouro, que está diante do trono. A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com
as orações dos santos, diante de Deus.” (Ap 8,2-5).
Na Liturgia a Igreja se associa a eles para
adorar o Deus três vezes Santo: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus do
universo…”. Na despedida dos defuntos a Igreja roga: “Para o Paraíso te levem os
anjos”. Na Festa dos Santos Arcanjos a Igreja ora assim: “Nós vos apresentamos,
ó Deus, com nossas humildes preces, estas oferendas de louvor; fazei que levados
pelos anjos à vossa presença, sejam recebidas com agrado e obtenham para nós a
salvação.” (Sobre as oferendas).
Prof. Felipe de Aquino