sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Sete frutos do Sacrifício

 As palavras do Anjo de Portugal acerca do sacrifício formaram uma luz que produziu sete santos efeitos nos pastorinhos. O ensinamento acerca do sacrifício, quando acolhido profundamente na alma com amor, ajuda o homem em primeiro lugar a entender Quem é DEUS, porque "DEUS é o amor". Se nunca tivermos passado pela experiência do transbordar do amor e da Sua bondade ao temo-nos doado a nós mesmos em amor que se sacrifica, como será possível compreendermos verdadeiramente o amor? Todo o mundo egoísta deseja amor, porém, não compreende o que vem a ser o amor, já que este só poderá ser entendido na doação de si mesmo e no sacrifício.

A graça de DEUS bate secretamente em nosso coração e torna-nos capazes de amá-LO e de nos darmos a ELE. Na medida do sacrifício do nosso coração, somos capazes de receber a DEUS em nossa alma. Em segundo lugar, somente aqueles que se abriram têm a experiência do amor ardente a DEUS e o compreendem, amando-O tão ardentemente quanto ELE nos ama. E, em terceiro lugar, compreendem o quanto ELE, por Sua vez, deseja ser amado por nós. Uma alma muito santa,repleta de amor a DEUS, perguntava ao seu director espiritual: "Como é que DEUS é capaz de me amar assim tanto?" Ele apenas pode responder que o amor de DEUS é infinito, porque DEUS é o amor infinito. E, na sua sublimidade acima de todos os outros amantes, DEUS é completamente livre na escolha do Seu amor, pois é do Seu agrado dar; ELE ama para dar: àquele a quem ELE ama, ELE dá quanto pode, de maneira que ELE sempre os pode amar mais ainda. "Dai e vos será dado; será derramada no vosso regaço uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante, pois com a medida com que medirdes sereis medidos também" (Lc 6, 38).
Em quarto lugar, a alma compreende que o crescimento no amor é peregrinação espiritual que requer tanto o pé esquerdo da oração, como o pé direito do sacrifício.
Quantas almas se empenham em corresponder ao pedido da Mãe de DEUS que nos apela à oração, mas, mesmo assim, quase não apresentam progressos! O seu conhecimento de DEUS mal supera uma luz turva, nem falar duma chama ardente de amor. A causa de tudo isto reside no facto de que essas pessoas rezam sem acrescentarem à oração uma medida correspondente de sacrifícios. É como se o seu pé direito estivesse pregado no chão e o seu movimento fosse a vida inteira em círculo ao redor de si mesmas, sem entretanto, avançarem no amor de DEUS e ao próximo como deveriam. Mas a alma que já iniciou o seu progresso no caminho da oração e do sacrifício -mesmo que fosse com pequenos passos- rapidamente descobre o valor do sacrifício. E esta é a quarta luz. Mais tarde, os pastorinhos teriam a oportunidade de ver o fruto das suas orações e sacrifícios na forma de inúmeras conversões. Todavia, a beleza da luz transmitida pelo Anjo na força do ESPÍRITO SANTO consistia no facto de ter sido infundida directamente no seu espírito, ou, conforme Lúcia disse, havia sido "gravada indelevelmente", e com tanta clareza, que os pastorinhos como que reconheceram essas verdades em DEUS.
 
Em quinto lugar, tornou-se-lhes claro o quão agradável é o sacrifício a DEUS, e, em sexto lugar, que o sacrifício tem o poder de alcançar a conversão dos pecadores. Mesmo que já tivéssemos de "saber" isso quando pensamos na morte redentora de CRISTO, -"Por isto, o PAI ama-Me, porque dou a Minha vida, para tornar a tomá-la" (Jo 10,17) tal saber especulativo deve penetrar até ao coração, a fim de moldar as nossas convicções mais profundas.
Somente quando a "verdade do nosso espírito" se tornar um "bem" de nossa vontade é que a nossa fé se manifestará em grandes actos de amor. O Anjo transmitiu aquela luz amorosa e aquela graça à qual elas, em sétimo lugar, responderam com um zelo incansável na oração e no sacrifício: "E, desde aí, passávamos largo tempo assim prostrados repetindo-as (as palavras do Anjo), às vezes, até cair cansados".
Lúcia descreve muitos sacrifícios que eles se impunham para a conversão dos pecadores. Davam o seu almoço a algumas crianças pobres da redondeza. Em vez da sua refeição habitual, comiam sementes de carvalho e bolbos silvestres colhidos por eles mesmos. Muitas vezes, até no torturante calor do verão, passavam o dia todo sem um único gole de água. Por iniciativa própria, "inventaram" o cinto da penitência, que lhes deveria causar dores e incómodos para que assim tivessem algo que oferecer a DEUS e a Nossa Senhora pelos pecadores.
Tornaram-se verdadeiramente insaciáveis na ânsia de aplacar a sede do Senhor pela salvação dos pecadores. Nisso podemos ver o verdadeiro heroísmo de Lúcia, Jacinta e Francisco, em comparação com o qual as nossas modestas mortificações parecem apagadas. O Anjo estava presente invisivelmente e ajudava-os em todas as suas iniciativas. O que Lúcia declara acerca da ajuda do Anjo num determinado período da sua vida, tem validade para toda a nossa vida: "Nesses dias, fazíamos as acções materiais como que levados por esse mesmo ser sobrenatural (o Anjo) que a isso nos impelia". A ajuda do Anjo sempre nos é oferecida. Nós, entretanto, devemos mostrar-nos dignos da mesma através de um zelo santo nas coisas de DEUS. Então tornar-se-ão verdadeiras as palavras de Santo Inácio de Loyola: "As pessoas que estão empenhadas intensamente na purificação dos seus pecados e que no serviço ao Senhor passam do bom para o melhor ... é próprio do Espírito Bom inspirar-lhes coragem e força, consolos, lágrimas, advertências e calma, facilitando a transpor todos os obstáculos ou retirando-os para que sempre mais se avance na prática do bem" (Exercícios espirituais, parágrafo 315).

 http://cumsanctisangelis.blogspot.com.br/2012/01/o-anjo-de-fatima-um-mestre-no-amor.html

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