Por Dom Fernando Arêas Rifan
O primeiro Natal, do qual celebraremos a memória no dia 25, foi realmente alegre e feliz. Que alegria e que felicidade! Nasceu Jesus, o Messias prometido desde o Paraíso perdido, esperado pelos Patriarcas desde Adão, razão de ser do povo eleito, o Salvador da humanidade, o Senhor feito homem. E os anjos anunciaram aos pastores essa felicidade. A aparição da estrela misteriosa fez renascer a felicidade no coração dos Magos que vieram do Oriente.
Segundo a filosofia (Cícero e Boécio), felicidade é o estado constituído pelo acúmulo de todos os bens com a ausência de todos os males.
Então, como poderemos chamar feliz um Natal onde houve desprezo, rejeição - Jesus nasceu numa estrebaria por falta de lugar para Ele nas casas e nas hospedarias -, lágrimas, gritos, morte, luto - Herodes, perseguindo Jesus, mandou matar as crianças de Belém - fuga, desterro, pobreza, sacrifícios?
Realmente, felicidade perfeita, na definição filosófica, só se encontrará no Céu, na Jerusalém celeste, onde Deus "enxugará toda a lágrima dos seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque tudo isto passou" (Ap 21,4).
É a grande lição do Natal: como se pode ser feliz no desterro, na dor, no desprezo, no luto, até com lágrimas, aqui na terra.
Aqui, a felicidade consiste em ter Jesus, em estar com Jesus, em amar Jesus de todo o coração, com a esperança de tê-lo perfeitamente um dia no Céu.
Aqui, o que faz a felicidade é a esperança: "alegres pela esperança, pacientes na tribulação" (Rm 12,12). O cristão é otimista pela esperança. É feliz porque espera. Mesmo quando sofre.Mesmo no meio dos sofrimentos, angústias e dores, pode-se ter a felicidade.
Por isso, o primeito Natal foi cheio de felicidade. A pobre estrebaria de Belém era o Céu. Ali faltava tudo e não faltava nada. Ali estava a felicidade que a todos encheu de alegria: Jesus.
O presépio de Belém é o princípio da pregação de Jesus, o resumo da sua boa nova, o Evangelho. Dali, daquele pequeno púlpito, silenciosamente, ele nos ensina o desprezo da vanglória desse mundo, o valor da pobreza e do desprendimento, o nada das riquezas, a necessidade da humildade, o apreço das almas simples, a paciência, a mansidão, a caridade para com o próximo, a harmonia na convivência humana, o perdão das ofensas, a grandeza de coração, a pureza de alma. enfim, todas as virtudes cristãs que fariam o mundo muito melhor, se as praticasse.
É por isso que o Natal cristão é festa de paz e harmonia, de confraternização em família, de troca de presentes entre amigos, de gratidão e perdão. Pois é a festa daquele que, sendo Deus, tornou-se nosso irmão aqui na terra.
FELIZ E ABENÇOADO NATAL PARA TODOS!
Fonte: Jornal Folha da Manhã do dia 21 de dezembro de 2011.
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