quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Unidade e Comunhão


Por Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal/São João Maria Vianney

A falta de unidade entre os membros da Igreja, um dos sintomas da crise atual, é provocada exatamente pela falta de adesão à Igreja e ao seu Magistério vivo, tanto nos meios chamados progressistas quanto nos conservadores ou tradicionalistas.  Assim, cada grupo, com suas opiniões e julgamentos próprios, se julga o possuidor da verdade e , consequentemente, se considera melhor do que os outros, que, segundo eles, não a compreendem tão bem quanto eles.  O livre exame, ou seja, a interpretação privada que cada qual fizesse das fontes da Revelação, é a maior fonte de divisões: " quantas cabeças, tantas sentenças", dizia Leão XIII.

Assim alguns, por assumirem uma atitude demasiado crítica, sem respitarem os limites impostos pela teologia e pela fé, acabam caindo no espírito de cisma, senão no cisma formal.  Outros para explicar a crise, adotam o sede-vacantismo, como meio errôneo de explicar os escândalos e erros atuais, uma equivocada tentativa de refúgio, colocando assim a Igreja numa situação inexplicável e sem futuro.  Outros ainda adotam o sedevacantismo não teórico, mas prático, que se equivalem.  Outros, por adotarem o princípio do livre-exame, pelo qual submetem ao prórprio juízo os atos do Magistério, para julgarem eles mesmos se esses atos conferem ou não com a Tradição, acabam, logicamente, tornando-se protestantes, como de fato tem tristemente acontecido.

O célebre teólogo espanhol Francisco Suarez advertia que há vários modos de se tornar cismático: "sem negar que o Papa é o chefe da Igreja, o que já seria heresia, age-se como se ele não o fosse: é o modo mais frequente..."
Martinho Lutero defendia esse princípio  do livre-exame, base do protestantismo.  E os modernistas seguiram suas pegadas, no dizer de São Pio X: Os modernistas "não receando de pisar nas pegadas de Lutero, ostentam certo desprezo das doutrinas católicas, dos Santos Padres, dos concílios ecumênicos, do magistério eclesiástico; e se forem por isto repreendidos, queixam-se de que se lhes tolhe a liberdade" (Pascendi, o modernista crente).

Sigamos, pois, a autoridade da Igreja, que conta com a garantia da assistência divina, e não opiniões subjetivas. Que Deus nos ilumine e dê humildade para não adotarmos o caminho errôneo e vivermos a perfeita comunhão com a Igreja.

Fonte: Jornal Folha da Manhã do dia 20/10/10

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