domingo, 8 de dezembro de 2013

São Teotônio e o Mosteiro da Santa Cruz

O início da Ordem da Santa Cruz começa com a fundação do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra nos anos de 1131-1132. Esta comunidade nasceu do esforço conjunto de alguns clérigos da sé local: o Arcediago D. Telo e os Cónegos D. João Peculiar e D. Teotónio. Animava-os o desejo de renovação do Cabido. Contudo, não sendo possível fazê-la no seu interior, optaram por fundar um monasterium, onde se concretizasse o ideal da vita apostolica do clero, que Telo e Teotónio tinham observado em viagens à Terra Santa e no Sul de França, no âmbito da reforma gregoriana (reforma interna da Igreja promovida pelo Papa Gregório VII).
Conhecedor deste projeto, o futuro primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henriques, recém-instalado em Coimbra, quis com eles colaborar, oferecendo-lhes o terreno dos Banhos Reais para edificarem a sua igreja e o seu mosteiro. Era fora das muralhas da cidade, num lugar abundante em águas e já densamente povoado e de grande circulação, à beira da estrada que ligava Braga e o Porto às cidades de Santarém e Lisboa. Havia no local uma velha ermida da invocação de Santa Cruz, nome que adotaram para a sua nova fundação.
A construção iniciou-se a 28 de junho de 1131 e a vida comunitária foi inaugurada a 24 de fevereiro de 1132. Uma velha tradição diz serem 12 os primeiros membros, escolhidos entre o clero. Além de seguirem a Regra de Santo Agostinho, escolheram também as Constituições e Usos dos Cónegos Regrantes de São Rufo de Avinhão, redigidas no princípio desse século pelo Abade Letberto e caracterizadas pelo seu tom moderado nas exigências e práticas da disciplina. Elegeram para primeiro Prior a D. Teotónio. Compunham esta comunidade cónegos e conversos, ao lado da qual, em um anexo, pouco depois, se estabeleceu uma comunidade feminina de cónegas, de número mais reduzido, sob a supervisão do mesmo prior.
O pequeno grupo inicial rapidamente foi crescendo, não sem algumas dificuldades, sobretudo movidas pelos cónegos da sé e pelo seu bispo, que não aceitaram bem esta dissidência desafiadora e que atraía tanto as atenções. Foi para ultrapassar estes primeiros obstáculos que D. Telo se dirigiu à corte papal, então estacionada em Pisa, a pedir a proteção da Santa Sé e a isenção canónica, a fim de que o novel Instituto não fosse incomodado ou aniquilado. A 26 de maio de 1135, conseguiu alcançar de Inocêncio II um breve com aqueles privilégios. Quando D. Telo faleceu (em 1136), estavam lançados os fundamentos e garantido o apoio continuado de D. Afonso Henriques que, em 1139, se tornava Rei de Portugal: ao Mosteiro de Santa Cruz, que frequentemente visitava e do qual, igualmente, se reivindica fundador, vai concedendo inúmeros privilégios, isenções e benefícios: dota-o de muitos bens materiais e faz dele o seu mais importante centro de apoio diplomático e intelectual na consolidação da independência do país e na construção do Estado. Procura aí alguns dos seus melhores colaboradores, como D. João Peculiar, seu enviado à corte papal sete vezes, e de quem fará Bispo do Porto (1136-1138) e Arcebispo de Braga (1138-1175), ou o Prior D. Teotónio, seu conselheiro espiritual. Nele escolhe a sua sepultura e a de toda a sua família, indicando desta forma a canónica regrante coimbrã como a instituição religiosa da sua predileção.
Assim, Teotônio foi co-fundador, junto com onze religiosos, e primeiro Prior do Mosterio da Santa Cruz de Coimbra, morreu em 18 de fevereiro de 1162, mesma data que se celebra seu culto, difundido por todo o mundo pelos agostinianos Os milagres que depois de sua morte foram se sucedendo são tantos que logo no primeiro aniversário do seu falecimento foi canonizado num sínodo dos Bispos de Portugal e, mais tarde, confirmado pelo Papa Alexandre III. Tornou-se o primeiro santo da nação portuguesa a ser canonizado.

                                   Claustro do Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra

                                      Belíssima Sacristia do Mosteiro de Santa Cruz

                                       Relícário contendo o crânio de São Teotônio

                                           Vestes Litúrgicas, usada pelo Santo

                                       Nossa Senhora das Dores na Igreja do Mosteiro

                                             Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra

                                                Interior da Igreja do Mosteiro

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