Conhecedor deste projeto, o futuro primeiro Rei de Portugal, D.
Afonso Henriques, recém-instalado em Coimbra, quis com eles colaborar,
oferecendo-lhes o terreno dos Banhos Reais para edificarem a sua igreja
e o seu mosteiro. Era fora das muralhas da cidade, num lugar abundante
em águas e já densamente povoado e de grande circulação, à beira da
estrada que ligava Braga e o Porto às cidades de Santarém e Lisboa.
Havia no local uma velha ermida da invocação de Santa Cruz, nome que
adotaram para a sua nova fundação.
A construção iniciou-se a 28 de junho de 1131 e a vida
comunitária foi inaugurada a 24 de fevereiro de 1132. Uma velha tradição
diz serem 12 os primeiros membros, escolhidos entre o clero. Além de
seguirem a Regra de Santo Agostinho, escolheram também as Constituições
e Usos dos Cónegos Regrantes de São Rufo de Avinhão, redigidas no
princípio desse século pelo Abade Letberto e caracterizadas pelo seu
tom moderado nas exigências e práticas da disciplina. Elegeram para
primeiro Prior a D. Teotónio. Compunham esta comunidade cónegos e
conversos, ao lado da qual, em um anexo, pouco depois, se estabeleceu
uma comunidade feminina de cónegas, de número mais reduzido, sob a
supervisão do mesmo prior.
O pequeno grupo inicial rapidamente foi crescendo, não sem
algumas dificuldades, sobretudo movidas pelos cónegos da sé e pelo seu
bispo, que não aceitaram bem esta dissidência desafiadora e que atraía
tanto as atenções. Foi para ultrapassar estes primeiros obstáculos que
D. Telo se dirigiu à corte papal, então estacionada em Pisa, a pedir a
proteção da Santa Sé e a isenção canónica, a fim de que o novel
Instituto não fosse incomodado ou aniquilado. A 26 de maio de 1135,
conseguiu alcançar de Inocêncio II um breve com aqueles privilégios.
Quando D. Telo faleceu (em 1136), estavam lançados os fundamentos e
garantido o apoio continuado de D. Afonso Henriques que, em 1139, se
tornava Rei de Portugal: ao Mosteiro de Santa Cruz, que frequentemente
visitava e do qual, igualmente, se reivindica fundador, vai concedendo
inúmeros privilégios, isenções e benefícios: dota-o de muitos bens
materiais e faz dele o seu mais importante centro de apoio diplomático e
intelectual na consolidação da independência do país e na construção
do Estado. Procura aí alguns dos seus melhores colaboradores, como D.
João Peculiar, seu enviado à corte papal sete vezes, e de quem fará
Bispo do Porto (1136-1138) e Arcebispo de Braga (1138-1175), ou o Prior
D. Teotónio, seu conselheiro espiritual. Nele escolhe a sua sepultura e
a de toda a sua família, indicando desta forma a canónica regrante
coimbrã como a instituição religiosa da sua predileção.
Assim, Teotônio foi co-fundador, junto com onze religiosos, e primeiro Prior do Mosterio da Santa Cruz de Coimbra, morreu em 18 de fevereiro de 1162, mesma data que se celebra seu culto, difundido por todo o mundo pelos agostinianos Os milagres que depois de sua morte foram se sucedendo são tantos que logo no primeiro aniversário do seu falecimento foi canonizado num sínodo dos Bispos de Portugal e, mais tarde, confirmado pelo Papa Alexandre III. Tornou-se o primeiro santo da nação portuguesa a ser canonizado.
Belíssima Sacristia do Mosteiro de Santa Cruz
Relícário contendo o crânio de São Teotônio
Vestes Litúrgicas, usada pelo Santo
Nossa Senhora das Dores na Igreja do Mosteiro
Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra
Interior da Igreja do Mosteiro
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