Imagine um raio de sol refletindo numa vidraça; se o vidro estiver manchado ou embaciado, não poderá fazê-lo brilhar nem o transformar em sua luz de modo total como faria se o vidro estivesse limpo e isento de todas aquelas manchas. Antes tanto menos a esclarecerá quanto ela estiver menos desnuda daquelas manchas e embaciado, e tanto mais quanto mais limpa estiver. O defeito não é do raio, mas da vidraça, porque, se a vidraça estivesse perfeitamente límpida e pura, seria de tal modo iluminada e transformada pelo raio que pareceria o mesmo raio e daria a mesma luz. Na verdade, o vidro, embora fique parecendo raio de luz, conserva sua natureza distinta; contudo podemos dizer que, assim transformado, fica sendo raio ou luz por participação. E assim a alma é como essa vidraça, sobre a qual sempre está investindo, ou, por melhor dizer, nela está morando esta luz divina do ser de Deus por natureza.
São João da Cruz
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