Em nosso íntimo existe um pequeno tirano que quer o poder e o prestígio e que se agarra a isso; quer dominar, ser superior, controlar. Teme qualquer crítica, qualquer controle (e,às vezes, em nome de Deus); imiscui-se em todos os campos, fazendo tudo, mandando tudo, conservando ciosamente sua autoridade. Depressa se quer mandar por questão de honra, de prestígio ou de admiração que se recebe, ou para provar alguma coisa. Os outros ficam reduzidos a executantes incapazes de julgar bem as coisas. Só permitimos a liberdade na medida em que não atrapalhar nossa autoridade e com a condição de a poder controlar. E os cristãos podem, às vezes, ocultar essas más tendências sob máscaras de virtude, em favor de uma pretensa boa causa. Não há nada de mais terrível do que a tirania sob o manto da religião. Um bom membro é aquele que gera confiança e esperança na presença de Deus e na comunidade. Ele é sempre humilde.
A rivalidade e o ciúme entre certos membros da comunidade, quanto ao poder e brilho, é uma força terrível de destruição.
Mesmo os apóstolos, em presença de Jesus, e às vezes às suas costas (Mc9,34), e numa atmosfera de discussão (Mc 10,41), se interrogavam para saber quem era o maior dentre eles. São Lucas diz que ainda falavam disso durante a última refeição. Terá sido essa discussão que levou Jesus a lenvantar-se da mesa e a lavar os pés de seus discípulos?
A rivalidade entre os membros de uma comunidade surge, muitas vezes, quando se trata de votar para eleger um responsável; ou então é uma rivalidade em virtude da irradiação espiritual ou intelectual. Essas lutas pelo poder e pela influência estão profundamente enraizadas no coração humano. Temos medo de deixar de existir se não formos eleitos, se não tivermos determinado cargo. Depressa se identificam cargo, dom e pessoa; popularidade, ser reconhecido pelo grupo e qualidade do ser.
Fonte: Comunidade - Lugar do perdão e da festa. Jean Vanier. Paulinas.
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