A brincadeira das crianças surge, em muitos aspectos, como uma espécie de antecipação da vida, como um ensaio para a vida que se segue, sem envolver o seu peso e sua seriedade. É como se a Liturgia nos levasse a ficar crianças, perante a verdadeira vida da qual nos aproximamos; a Liturgia seria então um modo de antecipação completamente diferent, de pré-ensaio: um prelúdio da futura e da eterna vida a qual, como expõe Santo Agostinho, não é, ao contrário da nossa vida presente, tecida de necessidade e obrigatoriedade, mas sim inteiramente da liberdade de oferecer e dar. A Liturgia seria então o ressucitar da autêntica criança dentro de nós, da abertura para a ainda ausente grandeza, certamente ainda não cumprida com a vida adulta; ela seria uma forma moldada da esperança, que já neste momento desempenha a vida real como se fosse exemplo, sendo um ensaio para a vida verdadeira - a da liberdade, da proximidade de Deus e da abertura entre nós.
Fonte: Introdução ao espírito da Liturgia. Joseph Ratzinger. Paulinas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário