Alguns setores questionam como é possível a Igreja não recomendar o uso de preservativos nas relações sexuais, com a finalidade de se combater doenças sexualmente transmissíveis, principalmente a AIDS. Talvez, nós católicos, nos sintamos constrangidos quando o Ministério da Saúde ou a Organização Mundial da Saúde (OMS) expressam suas opiniões a favor do uso do preservativo. Mas, vamos pensar um pouco.
A OMS parte de um fato: os costumes atuais não seguem as normas tradicionais, em que as relações sexuais estão destinadas a consumar um amor estável dentro do matrimônio aonde, como fruto desse amor, virá os filhos, criados e educados no âmbito familiar. Isto poderia ser considerado como "ideal", mas não podemos viver de "idealismos", mas de realidades.
E a realidade mostra que os jovens começam a ter relações sexuais antes do matrimônio; muitos não se casam e mantêm relações eventuais e transitórias; os jovens se deixam levar pelos seus impulsos e sentimentos, e não se vive a fidelidade conjugal. Há um clima de permissividade e promiscuidade, bem diferente de um eventual e teórico "ideal".
É preciso encarar essa realidade, deixando de lado certos princípios que estão sendo ultrapassados pelo progresso das ciências e das descobertas dos fármacos anticoncepcionais e dos preservativos. A verdade é que a Igreja está fora da realidade, dizem.
E a OMS continua argumentando: Qual é o método mais seguro, barato e de fácil divulgação? O preservativo. Mas, outros setores da sociedade, inclusive a Igreja, questionam: "O preservativo não tem falhas?" Alguns representantes do Ministério da Saúde e da OMS dizem que não. Outros admitem que elas existam, mas argumentam que os preservativos têm apanas 10% de falha. Este risco, porém, é muito maior quando eles não são usados, quando o risco é de 100%. É por essa razão que a OMS recomenda o preservativo.
Esses argumentos parecem tão contundentes que não poucos católicos ficam perplexos. Talvez não cheguem a contradizer abertamente a posição da Igreja, mas ficam com dúvidas, acuados ou pelo menos fragilizados. Devemos, contudo, ponderar que a Igreja tem razões muito sérias para recomendar que não se usem os preservativos.
As propagandas recomendam o uso do preservativo como se as relações sexuais promíscuas fossem "normais", inócuas, inevitáveis ou até recomendáveis : "aproveite o carnaval, mas use camisinha". Se aceita um pressuposto inadequado - a promiscuidade - e inclusive incentiva-se a mesma:" não se iniba, divirta-se, mas, cuidado! Use camisinha.", para combater a AIDS. É um meio que convida ao desregramento sexual e que traz consigo muitos incovenientes: o contágio de doenças sexualmente transmissíveis, o enfraquecimento da força de vontade, a perda do comportamento social correto, a falta de respeito à pessoa humana e , sobretudo, a infidelidade conjugal e a gravidez precoce, da qual não poucas vezes deriva o aborto.
O descobridor do vírus HIV, Luc Montagnier, disse que "são necessárias campanhas contra práticas sexuais contrárias à natureza biológica do homem. E, sobretudo, há que educar a juventude contra o risco da promiscuidade e o vagabundeio sexual."
Note-se que não é o Padre que fala no confessionário, mas o cientista descobridor do HIV.
O Centro de Controle de Doenças de Atlanta, EUA, reconhece que " o uso apropriado dos preservativos em cada ato sexual pode reduzir , mas não eliminar, o risco de doenças de transmissão sexual". E acrescenta: "a abstinência e a relação sexual com um parceiro mutuamente fiel e não infectado são as únicas estratégias preventivas totalmente eficazes." Esta frase parece um aconselhamento da Igreja, essa oranização contesta suas próprias afirmações.
Podemos nos inibir às vezes, mas é preciso ter a coragem de dizer a verdade aos filhos, à sociedade e ao Estado: não existe sociedade estável sem famílias bem constituídas; não existem famílias vem construídas sem maturidade e fidelidade conjugal; e não haverá fidelidade conjugal se não educarmos nossos jovens para a afetividade e para o sexo seguro e responsável. Por isso, a Igreja recomenda: Não pecar contra a castidade.
Texto baseado na Carta de Dom Rafael Llano Cifuentes, ás famílias brasileiras. Revista Brasil Cristão, Dez 2010
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